Saúde mental e coronavírus

Não é nenhuma novidade a repercussão e movimentação mundial no combate e prevenção ao coronavírus. Mas quando o assunto é saúde mental, quais as consequências desta movimentação?

O tema coronavírus vem repercutindo mundialmente por estar afetando a saúde de muitas pessoas e somando óbitos nas mais diversas populações a nível mundial. Diante da gravidade e da possibilidade do contágio, informações sobre o combate e posturas preventivas vêm sendo divulgadas mundialmente e afetando a rotina da população como um todo, que sofre com as inúmeras adequações necessárias.

Mas afinal, diante de tanta movimentação e mudanças na rotina, como esta pandemia pode afetar nossa saúde mental?

Saúde mental e coronavírus

Os efeitos da pandemia para a saúde mental

Alterações na rotina, alertas e atualizações constantes sobre o tema podem ser extremamente nocivas à nossa saúde mental, podendo contribuir para o desenvolvimento de sintomas, quadros ou atuando como um gatilho para aqueles que já possuem traços de alguma patologia.

Diante de toda essa movimentação, quais sinais podemos ficar atentos em nossa saúde mental?

Estresse

Uma das medidas mais presentes na vida dos brasileiros foi adotar o home office afim de evitar a circulação de pessoas e possível contágio do vírus. A ideia inicialmente pode parecer inofensiva, mas esta mudança pode ser sentida como um verdadeiro colapso por nosso organismo: habituado com a rotina que envolve horários, ambientes, pessoas e funções, esta mudança drástica pode motivar muito estresse.

Embora o ambiente de nossa casa seja mais do que familiar, nem sempre possuímos um local adequado para exercer nosso trabalho dentro de nossa residência e podemos ficar vulneráveis a diversos estímulos que não são habituais no cotidiano – movimentação de pessoas e animais domésticos dentro da residência, barulhos, mobiliário não ergonômico para o uso do computador, exposição a tarefas domésticas, entre outros.

Todas estas alterações provocam estresse ao nosso corpo e mente e são comuns como efeitos colaterais:

  • prejuízos na concentração e memória
  • queda na produtividade
  • prejuízos no sono e/ou apetite

Assepsia

A principal orientação no combate e prevenção da contração e contágio do coronavírus é a assepsia constante das mãos com água, sabão e álcool em gel. Pessoas que já possuem traços de sintomas de ansiedade relacionados ao TOC por contaminação e hipocondria, frente aos riscos e volume das reportagens sobre o vírus, podem sofrer com o agravamento dos níveis de ansiedade. intensificando os sintomas característicos destes quadros.

Como principais sintomas a serem observados, considerando a frequência, mal estar e prejuízos na rotina, podemos mencionar:

  • necessidade constante de limpar e lavar os ambientes que reside
  • assepsia constante em sua higiene pessoal
  • receio em se alimentar temendo contaminações
  • pensamentos intrusivos e persistentes, considerados desproporcionais, sobre sua saúde
  • temores sobre a morte

Isolamento social

O fato da orientação neste momento ser voltada para que as pessoas fiquem ao máximo em suas casas, evitando contatos e aglomerações, pode, para quem já possui traços de fobia e isolamento social, agravar este quadro – o que acaba contribuindo para que, no futuro, quando a situação estiver controlada, a pessoa enfrente intenso desconforto e dificuldade em retomar interações sociais, favorecendo seu isolamento e agravamento dos sintomas de ansiedade ou depressão.

Pânico

Presente em muitas matérias do dia a dia, farmácias e mercados enfrentam escassez e dificuldade na reposição de seus produtos. A movimentação mundial na prevenção e combate do vírus vem favorecendo o aumento de sintomas de ansiedade vivido por muitos, como crises de pânico que levam a preocupações exacerbadas no acúmulo de alimentos e temores sobre sua sobrevivência.

Luto

O número de óbitos pelas vítimas do coronavírus aumenta em diversos países e seria inevitável que pensamentos e temores sobre a morte não estivessem presentes, principalmente para aqueles que possuem entes queridos dentro dos critérios dos grupos de risco, internados por complicações diversas de saúde e até mesmo para aqueles que possuem familiares que atuam em hospitais, estando mais vulneráveis à exposição ao vírus.

O medo pode se fazer tão intenso e presente neste momento que aquele que sofre com tais temores pode acabar iniciando o processo de luto por antecipação, podendo desenvolver sintomas de um quadro depressivo onde podemos citar:

  • pensamentos persistentes e intrusivos
  • dificuldades de concentração
  • tristeza persistente
  • angústia
  • alterações no sono e no apetite

Os cuidados com a saúde mental

Todas as orientações divulgadas pela Organização Mundial de Saúde devem ser respeitadas e, dentro das possibilidades, o medo pode ser minimizado na racionalização de não se esquecer de que os cuidados necessários estão sendo adotados em sua rotina.

Na presença de algum dos sintomas mencionados ou diante da percepção de que pensamentos, sentimentos ou comportamentos vêm sendo compreendidos como desproporcionais e até mesmo incapacitantes em alguns aspectos de sua vida funcional, é indicado que seja realizada a avaliação por um psicólogo para verificação da necessidade do tratamento psicológico, focal ou a longo prazo.

Ainda que exista a orientação para que fiquemos ao máximo em nossas residências, vale lembrar de que o serviço pode ser buscado em plataformas online, garantindo a possibilidade dos cuidados com sua saúde física e mental.

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Maitê Hammoud
maitehammoud@hotmail.com